quinta-feira, 14 de abril de 2011

Da Candelária ao Realengo: uma Via Sacra que parece não ter fim

A chacina que aconteceu no último dia 07 de abril, na Escola Municipal Tasso da Silveira em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, infelizmente não é a primeira do gênero no Brasil como muitos andam dizendo por aí. Dezoito anos atrás, precisamente na madrugada do dia 23 de julho de 1993 um grupo de extermínio abriu o fogo contra 70 crianças e adolescentes de rua que dormiam ao relento nas imediações da Igreja da Candelária matando oito pessoas, entre as quais seis menores de 18 anos.
Não dá para esquecer isso porque, apesar das diferenças quanto às circunstancias, o movente e o perfil dos assassinos, as duas chacinas têm algo em comum: a idade de suas vítimas, entre 11 e 17 anos, e o fato de terem sido mortas com armas de fogo sem chance de defesa. Na Candelária morreram Paulo Roberto de Oliveira, de 11 anos; Anderson de Oliveira Pereira, de 13 anos: Marcelo Cândido de Jesus, de 14 anos: Valdevino Miguel de Almeida, de 14 anos; "Gambazinho", de 17 anos e Leandro Santos da Conceição, de 17 anos. No Realengo faleceram Milena dos Santos Nascimento, de 14 anos; Mariana Rocha de Souza, de 12 anos; Lari ssa dos Santos Atanásio, de 13 anos; Bianca Rocha Tavares, de 13 anos; Luiza Paula da Silveira Machado, de 14 anos; Laryssa Silva Martins, de 13 anos; Géssica Guedes Pereira, de idade não divulgada; Samira Pires Ribeiro, de 13 anos; Ana Carolina Pacheco da Silva, de 13 anos e Igor Moraes da Silva, de 13 anos.
Estes meninos e meninas, apesar de terem histórias diferentes, ficaram irmanados num trágico destino. Suas vidas foram prematuramente ceifadas pela violência. Nesse momento pouco importa se uns eram meninos de rua e outros estudantes. O que interessa mesmo é que todos eles eram crianças e adolescentes. Os meninos da Candelária morreram enquanto sonhavam. Os do Realengo encontraram a morte enquanto estudavam. Os meninos da Candelária estavam na rua. Mas os do Realengo estavam na escola. Os meninos da Candelária morreram no meio da noite. Os do Realengo em pleno dia. Todos eles tiveram seus sonhos abortados. De noite ou de dia, na rua ou na escola, em casa ou na praça, pouco importa: ficaram a mercê da violência. Nós não estamos dando conta de proteger nossas crianças.
Diante da gravidade destes fatos não dá para surfar nas ondas do sensacionalismo, mas é preciso mergulhar nos fatos para aprofundar a reflexão e encontrar respostas que ajudem a derrotar a violência.
Retomar o mais rápido possível a campanha do desarmamento, desarmar os corpos e os espíritos, boicotar os programas televisivos e os jogos eletrônicos que incentivam a violência, derrotar a prática do bullying, educar à solução não violenta dos conflitos, intensificar os programas de tratamento destinados aos portadores de psicopatologias, promover a solidariedade, incentivar a cultura do cuidado pela vida, do respeito pelas diferenças e da atenção à pessoa são passos imprescindíveis para evitar estas tragédias e construir a cultura da paz. Comportamentos como aquele do autor da chacina poderiam ser previstos e evitados se houvesse uma atenção especial para com as pessoas, sobretudo com aquelas que, desde pequenas, apresentam transtornos e dustúrbios psicóticos.
Espero que estas tragédias, além de provocar nossa comoção, nos convoquem a um compromisso firme em defesa da vida. Sugiro, enfim, que as famílias das vítimas, a quem manifestamos a nossa solidariedade, estudem a oportunidade de uma ação indenizatória contra a empresa responsável pela fabricação das balas e das armas que foram utilizadas para assassinar estas crianças na mesma linha das ações impetradas por doentes de câncer contra as empresas produtoras de cigarro. Quem sabe que tal artifício não contribua a diminuir a produção e a comercialização de armas e de munição.
Padre Saverio Paolillo (Pe. Xavier)
Pastoral do Menor
Arquidiocese de Vitória – ES
Rede Aica - Atendimento Integral á Criança e ao Adolescente

terça-feira, 12 de abril de 2011

SEMANA SANTA

A Semana Santa é o grande retiro espiritual das comunidades eclesiais, convidando os cristãos à conversão e renovação de vida. Ela se inicia com o Domingo de Ramos e se estende até o Domingo da Páscoa. É a semana mais importante do ano litúrgico, quando se celebram de modo especial os mistérios da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

DOMINGO DE RAMOS - A celebração desse dia lembra a entrada de Jesus em Jerusalém, aonde vai para completar sua missão, que culminará com a morte na cruz. Os evangelhos relatam que muitas pessoas homenagearam a Jesus, estendendo mantos pelo chão e aclamando-o com ramos de árvores. Por isso hoje os fiéis carregam ramos, recordando o acontecimento. Imitando o gesto do povo em Jerusalém, querem exprimir que Jesus é o único mestre e Senhor.


2ª A 4ª FEIRAS – Nestes dias, a Liturgia apresenta textos bíblicos que enfocam a missão redentora de Cristo. Nesses dias não há nenhuma celebração litúrgica especial, mas nas comunidades paroquiais, é costume realizarem procissões, vias-sacras, celebrações penitenciais e outras, procurando realçar o sentido da Semana.


Tríduo Pascal
O ponto alto da Semana Santa é o Tríduo Pascal (ou Tríduo Sacro) que se inicia com a missa vespertina da Quinta-feira Santa e se conclui com a Vigília Pascal, no Sábado Santo. Os três dias formam uma só celebração, que resume todo o mistério pascal. Por isso, nas celebrações da quinta-feira à noite e da sexta-feira não se dá a bênção final; ela só será dada, solenemente, no final da Vigília Pascal.


QUINTA-FEIRA SANTA - Neste dia celebra-se a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio ministerial. A Eucaristia é o sacramento do Corpo e Sangue de Cristo, que se oferece como alimento espiritual.
De manhã só há uma celebração, a Missa do Crisma que, na nossa diocese, é realizada na noite de quarta-feira, permitindo que mais pessoas possam participar.
Na quinta-feira à noite acontece a celebração solene da Missa, em que se recorda a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio ministerial. Nessa missa realiza-se a cerimônia do lava-pés, em que o celebrante recorda o gesto de Cristo que lavou os pés dos seus apóstolos. Esse gesto procura transmitir a mensagem de que o cristão deve ser humilde e servidor.
Nessa celebração também se recorda o mandamento novo que Jesus deixou: “Eu vos dou um novo mandamento, que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei.” Comungar o corpo e sangue de Cristo na Eucaristia implica a vivência do amor fraterno e do serviço. Essa é a lição da celebração.


SEXTA-FEIRA SANTA - A Igreja contempla o mistério do grande amor de Deus pelos homens. Ela se recolhe no silêncio, na oração e na escuta da palavra divina, procurando entender o significado profundo da morte do Senhor. Neste dia não há missa. À tarde acontece a Celebração da Paixão e Morte de Jesus, com a proclamação da Palavra, a oração universal, a adoração da cruz e a distribuição da Sagrada Comunhão.
Na primeira parte, são proclamados um texto do profeta Isaías sobre o Servo Sofredor, figura de Cristo, outro da Carta aos Hebreus que ressalta a fidelidade de Jesus ao projeto do Pai e o relato da paixão e morte de Cristo do evangelista João. São três textos muito ricos e que se completam, ressaltando a missão salvadora de Jesus Cristo.
O segundo momento é a Oração Universal, compreendendo diversas preces pela Igreja e pela humanidade. Aos pés do Redentor imolado, a Igreja faz as suas súplicas confiante. Depois segue-se o momento solene e profundo da apresentação da Cruz, convidando todos a adorarem o Salvador nela pregado: “Eis o lenho da Cruz, do qual pendeu a salvação do mundo. – Vinde adoremos”.
E o quarto momento é a comunhão. Todos revivem a morte do Senhor e querem receber seu corpo e sangue; é a proclamação da fé no Cristo que morreu, mas ressuscitou.
Nesse dia a Igreja pede o sacrifício do jejum e da abstinência de carne, como ato de homenagem e gratidão a Cristo, para ajudar-nos a viver mais intensamente esse mistério, e como gesto de solidariedade com tantos irmãos que não têm o necessário para viver.
Mas a Semana Santa não se encerra com a sexta-feira, mas no dia seguinte quando se celebra a vitória de Jesus. Só há sentido em celebrar a cruz quando se vive a certeza da ressurreição.


VIGÍLIA PASCAL - Sábado Santo é dia de “luto”, de silêncio e de oração. A Igreja permanece junto ao sepulcro, meditando no mistério da morte do Senhor e na expectativa de sua ressurreição. Durante o dia não há missa, batizado, casamento, nenhuma celebração.
À noite, a Igreja celebra a solene Vigília Pascal, a “mãe de todas as vigílias”, revivendo a ressurreição de Cristo, sal vitória sobre o pecado e a morte. A cerimônia é carregada de ricos simbolismos que nos lembram a ação de Deus, a luz e a vida nova que brotam da ressurreição de Cristo.

FONTE: www.catequisar.com.br