quinta-feira, 9 de julho de 2020

Espiritualidade e Vida Consagrada

Equipe do Serviço de Animação Vocacional
Irmãs Missionárias da Sagrada Família

Por Ir. Vanessa P. S. Silva

Um dos significados para Espiritualidade que eu encontrei e que me chamou mais atenção foi o seguinte: “espiritualidade é o cultivo de nossa vida espiritual, a vida do espírito em nosso espírito”. Segundo o Frei Clodovis Boff em um encontro com a Vida Consagrada: “A espiritualidade é o oxigênio da Igreja se isso vale para toda a Igreja, vale muito mais para a Vida Consagrada”. A espiritualidade é uma experiência intima com Deus e essa experiência se dá através da oração.
São Carlos Borromeu, dizia em uma de suas cartas no século XVI: “Se a fagulha do amor de Deus se acendeu no teu coração, cuida dela porque pode se apagar”. Pois somos frágeis, só através da oração, do sobro do Espírito de Deus em nós somos capazes de ir a diante enfrentando todas as dificuldades que encontramos pela vida e a oração nos ajuda a cultivar essa espiritualidade. Um caminho verdadeiro de espiritualidade, certamente, é tornar Cristo presente em nosso dia a dia através de nossa vida, de nossa ação, de nosso trabalho. A oração pessoal, que consegue tornar-se ação concreta.
Falando de oração Madre Mary Marcelline, fundadora do Instituto das Irmãs Missionárias da Sagrada Família do qual faço parte, deixa em uma de suas cartas a seguinte indicação a respeito da oração: “Nosso dia pode ser uma oração contínua quando ficamos unidas a Jesus, mesmo durante os momentos quando as coisas nos deixam inquietas. A oração contínua nos ajuda a aceitar o que as vezes não podemos evitar nem corrigir!” Em outro trecho de suas cartas à suas Irmãs, Madre Mary Marcelline insiste em dizer: “Sem oração a vida é vazia. Temos de rezar muito para que o Espírito Santo desça sobre nós e dê a coragem necessária para viver bem a nossa Vocação.”
Para uma espiritualidade firme e concreta a Vida Religiosa vem recorrendo cada vez mais a volta as raízes, voltar e beber da fonte de seus fundadores e fundadoras. Revendo suas memorias, escritos, sua maneira de viver e suas experiências com o Cristo. Nossos fundadores e fundadoras é que com seu jeito de ser, forte e decidido tem nos ensinado o caminho de uma espiritualidade encarnada, da oração cada vez mais centrada em Jesus.
No documento Partir de Cristo traz para nós na sua 3ª parte o seguinte: “ A vida consagrada, como qualquer forma de vida cristã, é dinâmica por natureza e todos quantos são chamados pelo Espírito a abraçá-la precisam renovar-se constantemente no crescimento em direção à plena estatura do Corpo de Cristo (cfr. Ef 4, 13). Ela nasceu pelo impulso criativo do Espírito que moveu os fundadores e as fundadoras pela estrada do Evangelho, suscitando uma admirável variedade de carismas. Eles, disponíveis e dóceis à sua guia, seguiram a Cristo mais de perto.  Também hoje o Espírito Santo requer disponibilidade e docilidade à sua ação sempre nova e criativa. Só ele pode manter constante o frescor e a autenticidade dos inícios e, ao mesmo tempo, infundir a coragem do empreendimento e da inventiva para responder aos sinais dos tempos.”
A Vida Consagrada é chamada a estar no meio do povo com uma espiritualidade alegre e viva, com entusiasmos, somos chamados a ser o resto alegre do Cristo ressuscitado no meio do seu povo sofredor. Neste sentido o Papa Francisco nos exorta: «A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Com Jesus Cristo, nasce e renasce sem cessar a alegria ».
 Portanto para uma espiritualidade fecunda, a Vida Consagrada deverá sempre buscar estar apoiada na pessoa de Jesus através de sua oração pessoal, na vida de seus fundadores e fundadoras, para que nossa Missão sempre genuína e autêntica.
“A vocação religiosa é uma dádiva que Jesus deu a cada um/uma. Deus chama, mas nós devemos cooperar com esse chamado, sendo fiéis e perseverantes.” (Madre Mary Marcelline).


Bibliografia
1.      Alegrai-vos – Carta circular aos Consagrados e Consagradas
2.      “Que espiritualidade é capaz de sustentar á vocação?” – Pe. Manuel Eduardo Iglesias. Revista Convergência 478, JAN/FEV 2015
3.      Cartas de Madre Mary Marcelline – Irmãs Missionárias da Sagrada Família