segunda-feira, 23 de agosto de 2010

JESUS NO DOCUMENTO DE APARECIDA (DA)

O nome de Jesus, que significa Deus salva, perpassa todas as páginas do DA. Neste espaço reduzido não podemos traçar diferentes cristologias, mas algumas pinceladas do rosto desse Jesus de Aparecida, que é Filho de Deus, Salvador, Messias, Bom Pastor e irmão nosso, encarnado, crucificado e ressuscitado, rosto humano de Deus e rosto divino do homem. Jesus Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, com palavras e ações e com sua morte e ressurreição, inaugura no meio de nós o Reino de vida do Pai, que alcançara sua plenitude lá onde não haverá mais nem morte, nem luto, nem pranto, nem dor. O projeto de Deus é a Cidade Santa, a nova Jerusalém. Esse projeto em sua plenitude é futuro, mas já está se realizando em Jesus Cristo, o Alfa e o Omega, o Princípio e o Fim (Ap 21,6) da nossa história.

Jesus permanece fiel a seu Pai e á sua vontade. O Mistério Pascal de Jesus é o ato de obediência e amor ao Pai, e de entrega por todos seus irmãos. Diante da exclusão, Jesus defende os direitos dos fracos e a vida digna de todos ser humano. Diante das estruturas de morte, Jesus faz presente a vida plena. Por isso, cura os enfermos, expulsa os demônios e compromete os discípulos na promoção da dignidade humana e de relacionamentos sociais fundados na justiça. Ele está presente naqueles que dão testemunho de luta pela justiça, pela paz e pelo bem comum. Também o encontramos de modo especial nos pobres, aflitos e enfermos (Mt 25,37-40), que exigem nosso compromisso e nos dão testemunho de fé, paciência no sofrimento e constante luta para continuar vivendo. O encontro com Jesus Cristo através dos pobres é uma dimensão constitutiva de nossa fé em Jesus Cristo. E essa fé nos chegou através da comunidade eclesial.

Implicitamente se encontra no DA uma verdadeira teologia do encontro com Jesus. E esse encontro pessoal e comunitário tem nome: o pobre, a palavra de Deus e a Santíssima Trindade. Jesus anuncia a boa nova de Reino aos pobres e aos pecadores. Tudo o que tenha relação com Cristo tem relação com os pobres, e tudo o que está relacionado com os pobres clama por Jesus Cristo. Nele o grande se fez pequeno, o forte se fez fraco, o rico se fez pobre. A opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua pobreza (Hb 2,11-12). No Evangelho aprendemos a sublime lição de ser pobres seguindo a Jesus pobre (Lc 6, 20; 9,58), e a de anunciar o Evangelho da paz sem bolsa ou alforje, sem colocar nossa confiança no dinheiro nem no poder desde mundo (Lc 10,4ss.). Aparecida lembra a necessidade da Palavra de Deus como dom de Pai para o encontro com Jesus Cristo vivo, caminho de autêntica conversão e de renovada comunhão e solidariedade. O anuncio de Jesus sempre convoca á conversão, que nos faz participar de triunfo do Ressuscitado e inicia um caminho de transformação.

O pobre necessita do amor da comunidade missionária de uma maneira especial. Por isso, uma autêntica proposta de encontro com Jesus Cristo deve estabelecer-se sobre o sólido fundamento da Trindade-Amor, que nos permite superar o egoísmo para nos encontrarmos a plenamente no serviço para com outro. Na história do amor trinitária, Jesus de Nazaré, homem como nós e Deus conosco, morto e ressuscitado, nos é dado como Caminho, Verdade e Vida. Sua prova definitiva de amor na cruz tem o caráter de um esvaziamento radical (kénosis), porque Cristo se humilhou a si mesmo fazendo-se obediente até á morte e morte de cruz (Fl. 2,8). Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo em seu Mistério Pascal, recriou o homem. O projeto de Jesus é instaurar o Reino de seu Pai. È a oferta da vida plena para todos. Esse amor, o dom total de si, é o diferencial de cada cristão.

Identificar-se com Jesus Cristo é também compartilhar seu destino. Nossa missão é anunciar e viver esse projeto da nova criação. O discípulo missionário experimenta a necessidade de compartilhar com outros a sua alegria de ser enviado, de ir ao mundo para anunciar Jesus Cristo, morto e ressuscitado, e tornar realidade o amor e o serviço na pessoa dos mais necessitados, em uma palavra, a construir o Reino de Deus. Desejamos que a alegria que recebemos no encontro com Jesus Cristo, a quem reconhecemos como Filho de Deus encarnado e redentor, chegue a todos os homens e mulheres feridos pelas adversidades; desejamos que a alegria da boa nova do Reino de Deus, de Jesus Cristo vencedor do pecado e da morte, chegue a todos. Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher. Em virtude do Batismo e da Confirmação, somos chamados a ser discípulos missionários de Jesus Cristo e entramos na comunhão trinitária. Jesus faz dos discípulos seus familiares, porque compartilha com eles a mesma vida que procede do Pai. Com nossa vocação recebemos o dom do encontro com Jesus Cristo. Não temos outra felicidade nem outra prioridade senão a de sermos instrumentos de Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristo seja encontrado, seguido, amado, adorado, anunciado e comunicado a todos.

Do encontro nasce a missão, Ao chamar os seus para que o sigam, Jesus lhes dá uma missão muita precisa: anunciar o evangelho do Reino a todas as nações (Mt 28,19; Lc 24,46-48). Por isso, todo discípulo é missionário, pois Jesus o faz partícipe de sua missão. Dos que seguem Jesus e vivem em Cristo se espera um testemunho muito crível de santidade e compromisso. Eles têm a tarefa prioritária de dar testemunho do amor a Deus e ao próximo com obras concretas. Com a força de Espírito Santo continua a missão que Jesus Cristo recebeu de seu Pai (1Pd 1,12).

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