segunda-feira, 6 de setembro de 2010

FAMÍLIA NO DOCUMENTO DE APARECIDA - PARTE I

Ir. Cátia e família (pais, irmãos e avós)
FAMÍLIA, PESSOAS E VIDA

431. Não podemos nos deter aqui para analisar todas as questões que integram a atividade pastoral da Igreja, nem podemos propor projetos acabados ou linhas de ação exaustivas. Só nos deteremos a fim de mencionar algumas questões que alcançaram particular relevância nos últimos tempos, para que, posteriormente, as Conferências Episcopais e outros organismos locais avancem em considerações mais amplas, concretas e adaptadas às necessidades do próprio território.

9.1 O matrimônio e a família

432. A família é um dos tesouros mais importantes dos povos latino-americanos e caribenhos e é patrimônio da humanidade inteira. Em nossos países, uma parte importante da população está afetada por difíceis condições de vida que ameaçam diretamente a instituição familiar. Em nossa condição de discípulos e missionários de Jesus Cristo somos chamados a trabalhar para que esta situação seja transformada e a família assuma seu ser e sua missão240 no âmbito da sociedade e da Igreja241.

433. A família cristã está fundada no sacramento do matrimônio entre um homem e uma mulher, sinal do amor de Deus pela humanidade e da entrega de Cristo por sua esposa, a Igreja. A partir desta aliança se manifestam a paternidade e a maternidade, a filiação e a fraternidade e o compromisso dos dois por uma sociedade melhor.

434. Cremos que “a família é imagem de Deus que, em seu mistério mais íntimo não é uma solidão, mas uma família”242. Na comunhão de amor das três Pessoas divinas, nossas famílias tem sua origem, seu modelo perfeito, sua motivação mais bela e seu último destino.

435. Visto que a família é o valor mais querido por nossos povos, cremos que se deve assumir a preocupação por ela como um dos eixos transversais de toda ação evangelizadora da Igreja. Em toda diocese se requer uma pastoral familiar “intensa e vigorosa”243 para proclamar o evangelho da família, promover a cultura da vida e trabalhar para que os direitos das famílias sejam reconhecidos e respeitados.

436. Esperamos que os legisladores, governantes e profissionais da saúde, conscientes da dignidade da vida humana e do fundamento da família em nossos povos, defendam-na e protejam-na dos crimes abomináveis do aborto e da eutanásia; esta é sua responsabilidade. Por isso, diante de leis e disposições governamentais que são injustas à luz da fé e da razão, deve-se favorecer a objeção de consciência. Devemos nos ater à “coerência eucarística”, isto é, ser conscientes de que não podem receber a sagrada comunhão e ao mesmo tempo agir com atos ou palavras contra os mandamentos, em particular quando se propicia o aborto, a eutanásia e outros graves delitos contra a vida e a família. Esta responsabilidade pesa de maneira particular sobre os legisladores, governantes e os profissionais da saúde244.

437. Para tutelar e apoiar a família, a pastoral familiar pode estimular, entre outras, as seguintes ações:

a) Comprometer de uma maneira integral e orgânica ás outras pastorais, os movimentos e associações matrimoniais e familiares a favor das famílias.

b) Estimular projetos que promovam famílias evangelizadas e evangelizadoras.

c) Renovar a preparação remota e próxima para o sacramento do matrimônio e da vida familiar com itinerários pedagógicos de fé245.

d) Promover, em diálogo com os governos e a sociedade, políticas e leis a favor da vida, do matrimônio e da família246.

e) Estimular e promover a educação integral dos membros da família, especialmente daqueles membros da família que estão em situações difíceis, incluindo a dimensão do amor e da sexualidade247.

f) Estimular centros paroquiais e diocesanos com uma pastoral de atenção integral à família, especialmente aquelas que estão em situações difíceis: mães adolescentes e solteiras, viúvas e viúvos, pessoas da terceira idade, crianças abandonadas, etc.

g) Estabelecer programas de formação, atenção e acompanhamento para a paternidade e a maternidade responsáveis.

h) Estudar as causas das crises familiares para encará-las em todos os seus fatores.

i) Continuar oferecendo formação permanente, doutrinal e pedagógica para os agentes de pastoral familiar.

j) Acompanhar com cuidado, prudência e amor compassivo, seguindo as orientações do Magistério248, os casais que vivem em situação irregular, conscientes que os divorciados e casados novamente não são permitidos comungar249. Requerem-se mediações para que a mensagem de salvação chegue a todos. É urgente estimular ações eclesiais, com um trabalho interdisciplinar de teologia e ciências humanas, que ilumine a pastoral e a preparação de agentes especializados para o acompanhamento destes irmãos.

k) Diante das petições de nulidade matrimonial, fazer com que os Tribunais eclesiásticos sejam acessíveis e tenham uma correta e rápida atuação250.

l) Ajudar a criar possibilidades para que os meninos e meninas órfãos e abandonados consigam, pela caridade cristã, condições de acolhida e adoção e possam viver em família.

m) Organizar casas de acolhida e um acompanhamento específico para socorrer com compaixão e solidariedade ás meninas e adolescentes grávidas, ás mães “solteiras”, os lares incompletos.

n) Ter presente que a Palavra de Deus, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, solicita-nos uma atenção especial em relação às viúvas. Procurar uma maneira para que elas recebam uma pastoral que as ajude a enfrentar esta situação, muitas vezes de desamparo e de solidão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário