A Eucaristia está no centro da fé em Deus, que desceu ao mundo e se encarnou, convidando a humanidade a subir a comunhão com Ele. A comunhão trinitária na Igreja tem seu ponto alto na Eucaristia, que é o principio e o projeto da missão do cristão. Assim, pois, a Santíssima Eucaristia conduz a iniciação cristã a sua plenitude e é como centro e fim de toda vida sacramental. A Eucaristia é a sempre nova iniciação ao mistério da fé, e, como tal, se dirige aos cristãos para indicar-lhes o caminho ao coração do cristianismo. Ao amor que celebramos no mistério pascal. O caminho ao centro é origem, fonte, raiz do caminho ad extra, ad pauperes e ad gents. A teologia da missão pressupõe teologia da cruz. E a teologia da cruz é a teologia eucarística. Certas celebrações eucarísticas extrovertidas escondem esta ligação entre cruz e eucaristia.
A ação de graças a Deus pelos numerosos e admiráveis dons que nos outorgou culmina com a celebração central da Igreja, que a eucaristia, alimento substancial dos discípulos e missionários, tendo sempre a eucaristia como fonte e cume de toda atividade missionária, o discípulo missionário renova, em cada celebração eucarística, sua aliança de amor em Cristo, com o Pai e com os irmãos. Todas as comunidades e grupos eclesiais darão fruto na medida em que a eucaristia for o centro de sua vida e a palavra de Deus for o farol de seu caminho e de sua atuação na única Igreja de Cristo.
A Eucaristia é o centro vital do universo, capaz de saciar a fome de vida e felicidade: aquele que se alimenta de mim viverá por mim. Porém todos os dons que Deus requerem disposição adequada para que possam produzir frutos de mudança. Especialmente, exigem de nós espírito comunitário, que abramos os olhos para reconhece-lo e servi-lo nos mais pobres. Por isso, São João Crisóstomo exortava: Querem em verdade honrar o corpo de Cristo? Não consintam que esteja nu. Não o honrem no templo com mantos de seda enquanto fora o deixam passar frio e nudez.
A Eucaristia, sinal da unidade com todos, nos propõe a exigência de uma evangelização integral. Os discípulos missionários devem ater-se á coerência eucarística. Quem recebe a sagrada comunhão deve agir segundo os mandamentos que convidam a todos a participar do banquete da vida. A Eucaristia é o lugar privilegiado do encontro do discípulo com Jesus Cristo. Com esse sacramento, Jesus nos atrai para si e nos faz entrar em seu dinamismo em relação a Deus e ao próximo. Existe estreito vínculo entre as três dimensões da vocação cristã: crer, celebrar e viver o mistério de Jesus Cristo, de tal modo que a existência cristã adquira verdadeiramente forma eucarística. Portanto, os fiéis devem viver sua fé na centralidade do Mistério Pascal de Cristo através da Eucaristia, fonte inextinguível do impulso missionário. A eucaristia, participação de todos no mesmo Pão de Vida e no mesmo Cálice de Salvação, nos faz membros do mesmo Corpo 1Cor 10, 17. Na Eucaristia, nutrem-se as novas relações evangélicas que surgem do fato de sermos filhos e filhas do Pai e irmãos e irmãs em Cristo.
Aparecida dá muitas indicações sobre a importância da Eucaristia para a vida sacerdotal, a religiosidade popular e as paróquias, as pequenas comunidades e o ecumenismo. A palavra de Deus, a Eucaristia e a comunhão com o Bispo de Roma são elementos constitutivos da Igreja católica: Reunida e alimentada pela Palavra e pela Eucaristia, a Igreja Católica existe e se manifesta em cada Igreja particular, em comunhão com o Bispo de Roma.
Com essa centralidade da Eucaristia, contrasta a realidade eucarística em muitas comunidades. O número insuficiente de sacerdotes impossibilita que muitíssimas comunidades possam participar regularmente na celebração da Eucaristia. Recordando que a Eucaristia faz Igreja, preocupa-nos a situação de milhares dessas comunidades privadas da Eucaristia dominical por longos períodos de tempo. Depois de afirmar que sem uma participação ativa na celebração eucarística dominical e nas festas de preceito, não existirá um discípulo missionário maduro, Aparecida indica substitutivos eucarísticos para a presença do Mistério Pascal: Com profundo afeto pastoral, queremos dizer ás milhares de comunidades com seus milhões de membros, que não têm a oportunidade de participar da Eucaristia dominical, que também elas podem e devem viver segundo o domingo. Podem alimentar seu já admirável espírito missionário participando da celebração dominical da palavra, que faz presente o Mistério Pascal no amor que congrega, na Palavra acolhida e na oração comunitária.
A Eucaristia é o alimento para o caminho, fonte e cume de toda atividade missionária. A Igreja deve fazer tudo para que os pobres, que são a maioria desses milhões de membros dos quais Aparecida fala, e que vive privadas do pão de cada dia, não seja também privados também da Eucaristia, Pão de vida eterna, alimento substancial dos discípulos e missionários, privados da celebração do Sacramentum Caritatis, da celebração do amor, da crua e da ressurreição que vive a cada dia.
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