quinta-feira, 14 de outubro de 2010

DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS - DA (Documento de Aparecida)

A partir do tema da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano “Discípulos e missionários de Jesus Cristo para que nele nossos povos tenham vida”, não surpreende que o binômio discípulos missionários apareça mais de 100 vezes no DA. A parte central do DA, a segunda parte, é dedicada á vida de Jesus Cristo nos discípulos missionários, e cada parte desse capítulo retoma o discipulado missionário sob aspecto: a alegria do ser, a vocação, a comunhão e a formação. O discípulo missionário é o sujeito geral e transversal da missão. Ele é discípulo de Jesus Cristo e missionário enviado pela comunidade eclesial para dar testemunho do amor, anunciar a chegada do Reino e assumir as tarefas prioritárias para o bem comum e a dignificação do ser humano. O discípulo missionário contempla, nos rostos sofredores de nossos irmãos, o rosto de Cristo que nos chama a servi-lo neles; como o Mestre deve anunciar o evangelho, anunciar como Boa Nova do Reino aos pobres e aos pecadores. No evangelho aprendemos a sublime lição de ser pobre seguindo a Jesus pobre (Lc 6,20; 9,58), e de anunciar o Evangelho da paz sem bolsa ou alforje.

A vocação ao discípulado missionário é con-vocação á comunhão em sua Igreja. A fé em Jesus Cristo nos chegou através da comunidade eclesial. O discipulado e a missão sempre supõem a pertença a uma comunidade. Deus não quis salvar-nos isoladamente, mas formando um povo. Discipulado e missão são como as duas faces da mesma moeda. Esse discipulado na vida comunitária e a atividade missionária se fortalecem através do encontro com Jesus na intimidade. Ao chamar os seus para que o sigam, Jesus lhes dá uma missão muito precisa: anunciar o evangelho do Reino. Todo discípulo é missionário em virtude de seu batismo e de sua vocação batismal, e todos os fiéis são chamados a ser discípulos e missionários de Jesus Cristo e a entrar na comunhão trinitária na Igreja. Na Igreja realiza-se a forma própria e específica de viver a santidade batismal a serviço de Reino de Deus, que não depende de grandes programas e estruturas, mas de discípulos de Jesus Cristo e missionários de seu Reino, protagonistas de uma vida nova. A comunhão trinitária tem seu ponto alto na Eucaristia, que é princípio e projeto da missão do cristão. A Eucaristia é o alimento substancial dos discípulos e missionários. A vocação dos discípulos missionários tem uma expressão sacramental. O Vaticano II mostrou o lugar e a função da liturgia no seguimento de Cristo e na ação missionária dos cristãos.

Como transformar o ser missionário dos membros em agir de discípulos missionários? O discipulado missionário é a existência normal e ordinária do batizado em todos os extratos, ambientes e atividades sociais; envolve o bispo e a diocese, o pároco e a paróquia, o diácono e o leigo, os consagrados e as consagradas. Precisamos repensar profundamente a missão nas novas circunstâncias latino-americana e mundiais e revitalizar nosso modo de ser católico, intensificar nossa resposta de fé. Somos discípulos missionários sem fronteiras. Assumimos o compromisso de aprofundar e enriquecer todas as razões e motivações que permitam converter cada cristão em discípulo missionário.

Para isso, espera-se da Igreja capacidade para promover e formar discípulos e missionários que respondam á vocação recebida e comuniquem por toda parte, transbordando de gratidão e alegria, o dom de encontro com Jesus Cristo. Esse encontro se realiza na fé recebida e vivida na Igreja, na Sagrada Escritura, na Eucaristia, no sacramento da reconciliação, na oração, na comunidade e nos pobres. Maria é a imagem perfeita da discípula missionária e formadora de missionários. Incontáveis são as comunidades que encontraram nela a inspiração mais próxima para aprenderem como ser discípulos e missionários de Jesus. Ela ensina-nos o primado as escuta da Palavra na vida do discípulo e missionário. Muitas páginas o DA dedica á formação dos discípulos missionários, em muitas passagens inspiradas nos processos formativos do Caminho Neocatecumental. Mas a realidade pastoral é mais complexa que as circunscrições espirituais de um movimento que, muitas vezes, está ainda sob o impacto de sua fundação carismática.

O discípulo missionário não deve levar em conta apenas a realidade. Sua formação acontece na realidade, onde ele aprende, a partir de sua fé e da razão, a olhar a realidade com sentido crítico; aprende a discernir os sinais dos tempos e a agir. Através da opção pelos pobres, vai acontecer uma conversão pastoral que faz os discípulos missionários descobrirem novos caminhos pastorais, novos serviços e mistérios a favor da vida na sociedade e na Igreja, anunciando o Evangelho da vida e da solidariedade.

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